Depois de muitos dias refletindo e tentando
romper a resistência interna, decidi finalmente reabrir esse portal e tirar
toda a poeira que se acumulou por aqui. Desde o final de 2014 o blog estava
desativado, foram 3 anos e meio, e estou ainda abismada sobre a velocidade em
que o tempo está passando nesta vida. Queria dizer como é legal poder ler as
coisas que a Ana Julia de alguns anos atrás escreveu. É como me reencontrar com
o passado, ou então rever uma pessoa que não via há muito tempo. Sinto uma
estranheza... Vocês já ficaram muitos anos sem ver alguém? E já ficaram muito
tempo sem ver a si mesmos?
Quando a gente escolhe voar mundo afora é
mais ou menos assim... Ganhamos bagagem, histórias pra contar, fotos (que não
conseguimos organizar), poesias, amigos, conhecimento e por aí vai. Por
outro lado, perdemos a história dos outros, o que aconteceu, quem se tornaram,
os momentos em que queríamos estar presentes, os olhares e os abraços que
faltam e criam um vazio enorme no peito da gente. Às vezes perdemos a
oportunidade de dar um último adeus às pessoas que amamos. Esse foi o mês de maio
de 2018 pra mim. Perdi minha tia mais velha, que foi como mãe pros irmãos e vó
pros sobrinhos. Em seguida, perdi o único avô que conheci, o alicerce
masculino, o grande exemplo da nossa família. Duas pessoas que amei desde
criança e que me amaram tão verdadeiramente e despretensiosamente. Eles me
nutriram de carinho e me cuidaram, se doaram por toda a família. Mês de maio, e
tudo o que me ensinou, será lembrado
com amor, pois me tornou mais forte e ao mesmo tempo mais sensível.
Depois das tempestades, tsunamis, às vezes
furacões, todas as coisas caem por terra ou pairam no ar. Mas a natureza é um
eterno reciclar, é a eterna dualidade da vida e da morte, do bom e do ruim, yin e yang e
assim por diante. De modo que, depois de alguns dias, as sementes que antes estavam
adormecidas já iniciam a romper as barreiras e a crescer em direção ao sol. Um
jardim completamente novo, em uma paisagem a ser construída, começa a se
estabelecer pouco a pouco.
É tempo de novidade, novas flores, novos
ares, novos mares! Mar Egeu. Pra quem não sabe, me mudei recentemente para a Grécia,
estou morando na Ilha de Creta, em uma cidade chamada Réthimno. Pode parecer sonho de
verão, e na verdade é um pouquinho assim todos os dias, mas o real motivo de eu
estar aqui é o estágio curricular do mestrado. No próximo post conto um
pouquinho mais sobre isso. Dessa vez quero somente deixar aqui um resumão
dessas 2 primeiras semanas de Creta e algumas fotos (clique na foto para aumentar). O resto das
curiosidades, deixo pra vocês me perguntarem nos comentários!! 😉
- Mal cheguei e já ganhei esse pôr do sol de tirar o folêgo:
- Moro numa kitnet, que fica no topo de uma colina,
com vista pro mar e direito a trilha sonora: cabras, cachorro, gatos, galinhas,
muitas e muitas andorinhas e outros pássaros. Desafio: subir a pé todo dia o
morro.
- 3 dias pra entender como funciona o fogão
e conseguir cozinhar alguma coisa decentemente. Maaas, mal cheguei e já ganhei muita comida, dos vizinhos, da proprietária da casa, da chefe no trabalho: azeite de oliva extra virgem, vinagre, queijo de cabra, ovos, geléias (de laranjas de Atenas
e figos), dolmadakia e gemista (pratos típicos de rolinhos de
folhas de vinha ou verduras como tomate e abobrinha, recheadas com arroz tipico
grego temperado com ervas ➝ uma DE-LÍ-CIA!), tortas, bolinhos, etc... Detalhe: tudo orgânico, cultivado e feito na chácara!! Produtos
locais cultivados sem qualquer uso de químicos, saúde pura. Não consigo imaginar um outro
lugar na Terra mais acolhedor do que essa ilha! Até o motorista do ônibus já tá
me dando garrafinha de água! É muito amor, você vê no olhar das pessoas que
elas querem que você se sinta em casa.
- Falando em se sentir em casa, conheci em
um restaurante a escritora Henriette Lazaridis, autora do best-seller The
Clover House e professora da Universidade de Harvard, com quem pude aprender o
significado da expressão "νοστιμον ημαρ" (nostimon emar), do poema Odisseia de Homero. Em
grego antigo significa “o dia do retorno à casa”. E é da raiz dessa palavra –
Nostos – que derivou a palavra nostalgia. Mas a história sobre como isso tudo
aconteceu não vai caber nesse post... Só posso dizer que as mensagens do
universo estão chegando por todos os lados.
- Ah, na primeira semana: perdi o ônibus na volta do trabalho, fiz
amizade no ponto, e acabei ganhando carona pra todos os dias!
- Finalmente, fotos da primeira pequena viagem (Preveli Beach), e fico por aqui...
Um abraço forte a todos!!
I loved... Enjoy your time in this amazing country...
ResponderExcluirMaravilha de texto, que gostoso ler... um dia um livro acontece, bons encontros pra vc!
ResponderExcluirMaravilha Ana...bom saber que está bem..saudade de vc.. aproveite este momento..aguardamos você em nossa casa
ResponderExcluirPay attention no blog post s2
ResponderExcluirE eu acho que já está na hora de reabrir mais uma vez esse canal, é bom de mais a gente viajar com os olhos de outro também, assim como é bom alguém ajudar a gente a pensar fora do nosso quadrado! Aguardo coisas novas aqui! :D :**
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