domingo, 10 de junho de 2018

Ana e o mar, mar e Ana...


Depois de muitos dias refletindo e tentando romper a resistência interna, decidi finalmente reabrir esse portal e tirar toda a poeira que se acumulou por aqui. Desde o final de 2014 o blog estava desativado, foram 3 anos e meio, e estou ainda abismada sobre a velocidade em que o tempo está passando nesta vida. Queria dizer como é legal poder ler as coisas que a Ana Julia de alguns anos atrás escreveu. É como me reencontrar com o passado, ou então rever uma pessoa que não via há muito tempo. Sinto uma estranheza... Vocês já ficaram muitos anos sem ver alguém? E já ficaram muito tempo sem ver a si mesmos?

Quando a gente escolhe voar mundo afora é mais ou menos assim... Ganhamos bagagem, histórias pra contar, fotos (que não conseguimos organizar), poesias, amigos, conhecimento e por aí vai. Por outro lado, perdemos a história dos outros, o que aconteceu, quem se tornaram, os momentos em que queríamos estar presentes, os olhares e os abraços que faltam e criam um vazio enorme no peito da gente. Às vezes perdemos a oportunidade de dar um último adeus às pessoas que amamos. Esse foi o mês de maio de 2018 pra mim. Perdi minha tia mais velha, que foi como mãe pros irmãos e vó pros sobrinhos. Em seguida, perdi o único avô que conheci, o alicerce masculino, o grande exemplo da nossa família. Duas pessoas que amei desde criança e que me amaram tão verdadeiramente e despretensiosamente. Eles me nutriram de carinho e me cuidaram, se doaram por toda a família. Mês de maio, e tudo o que me ensinou, será lembrado com amor, pois me tornou mais forte e ao mesmo tempo mais sensível.

Depois das tempestades, tsunamis, às vezes furacões, todas as coisas caem por terra ou pairam no ar. Mas a natureza é um eterno reciclar, é a eterna dualidade da vida e da morte, do bom e do ruim, yin e yang e assim por diante. De modo que, depois de alguns dias, as sementes que antes estavam adormecidas já iniciam a romper as barreiras e a crescer em direção ao sol. Um jardim completamente novo, em uma paisagem a ser construída, começa a se estabelecer pouco a pouco.

É tempo de novidade, novas flores, novos ares, novos mares! Mar Egeu. Pra quem não sabe, me mudei recentemente para a Grécia, estou morando na Ilha de Creta, em uma cidade chamada Réthimno. Pode parecer sonho de verão, e na verdade é um pouquinho assim todos os dias, mas o real motivo de eu estar aqui é o estágio curricular do mestrado. No próximo post conto um pouquinho mais sobre isso. Dessa vez quero somente deixar aqui um resumão dessas 2 primeiras semanas de Creta e algumas fotos (clique na foto para aumentar). O resto das curiosidades, deixo pra vocês me perguntarem nos comentários!! 😉

- Mal cheguei e já ganhei esse pôr do sol de tirar o folêgo:


- Moro numa kitnet, que fica no topo de uma colina, com vista pro mar e direito a trilha sonora: cabras, cachorro, gatos, galinhas, muitas e muitas andorinhas e outros pássaros. Desafio: subir a pé todo dia o morro. 

- 3 dias pra entender como funciona o fogão e conseguir cozinhar alguma coisa decentemente. Maaas, mal cheguei e já ganhei muita comida, dos vizinhos, da proprietária da casa, da chefe no trabalho: azeite de oliva extra virgem, vinagre, queijo de cabra, ovos, geléias (de laranjas de Atenas e figos), dolmadakia e gemista (pratos típicos de rolinhos de folhas de vinha ou verduras como tomate e abobrinha, recheadas com arroz tipico grego temperado com ervas ➝ uma DE-LÍ-CIA!), tortas, bolinhos, etc... Detalhe: tudo orgânico, cultivado e feito na chácara!! Produtos locais cultivados sem qualquer uso de químicos, saúde pura. Não consigo imaginar um outro lugar na Terra mais acolhedor do que essa ilha! Até o motorista do ônibus já tá me dando garrafinha de água! É muito amor, você vê no olhar das pessoas que elas querem que você se sinta em casa.



- Falando em se sentir em casa, conheci em um restaurante a escritora Henriette Lazaridis, autora do best-seller The Clover House e professora da Universidade de Harvard, com quem pude aprender o significado da expressão "νοστιμον ημαρ" (nostimon emar), do poema Odisseia de Homero. Em grego antigo significa “o dia do retorno à casa”. E é da raiz dessa palavra – Nostos – que derivou a palavra nostalgia. Mas a história sobre como isso tudo aconteceu não vai caber nesse post... Só posso dizer que as mensagens do universo estão chegando por todos os lados.

- Ah, na primeira semana: perdi o ônibus na volta do trabalho, fiz amizade no ponto, e acabei ganhando carona pra todos os dias!

- Finalmente, fotos da primeira pequena viagem (Preveli Beach), e fico por aqui...





Um abraço forte a todos!!

5 comentários:

  1. I loved... Enjoy your time in this amazing country...

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  2. Maravilha de texto, que gostoso ler... um dia um livro acontece, bons encontros pra vc!

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  3. Maravilha Ana...bom saber que está bem..saudade de vc.. aproveite este momento..aguardamos você em nossa casa

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  4. E eu acho que já está na hora de reabrir mais uma vez esse canal, é bom de mais a gente viajar com os olhos de outro também, assim como é bom alguém ajudar a gente a pensar fora do nosso quadrado! Aguardo coisas novas aqui! :D :**

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