Il primo mese!

Hoje, 15 de setembro de 2014, comemoro meu primeiro mês na Itália. Parece estranho escrever isso, mas acredito que será assim... esse dia será, a cada mês, uma data importante. Nela quero sempre relembrar o porquê quis tanto estar aqui, quais são meus objetivos, o que eu já alcancei, o que ainda devo alcançar, quais foram as coisas boas e ruins que aconteceram e em que devo me dedicar mais. 

Deveria ser assim sempre, mas especialmente quando se está realizando um sonho cada dia é importante. Cada dia é diferente do outro. O novo, a mudança, o imprevisível... isso me move! A novidade te faz estar atento à vida, às pessoas, aos lugares e a si mesmo. A rotina, ao contrário, pode te levar ao câmbio automático... Cuidado!

Este mês foi intenso. Talvez o mais ou um dos mais intensos que já vivi! Novo endereço, nova casa, viagens, comidas diferentes, língua diferente, pessoas, cheiros, cores, paisagens. Estação do ano diferente, temperatura diferente. Roupas novas. Agora, algumas curiosidades que marcaram o mês:

- O pôr do sol no verão é em torno das 21h.

- Tem um senhor na minha rua que quase todo dia levanta às 8h da manhã e sai na rua cantando...  "Ohh sooole miooo".

- Trânsito maluco.

- Café forte!

- Nutella, pote grande, por 2,59€ na promoção (perigo!!!).

- Duas bolas do melhor sorvete do mundo por 1,50€!

- Comida divina (Não, não é só massa! Meu prato favorito até agora é Risotto ai funghi porcini! =P).

- Se come uma pizza inteira por PESSOA, não se divide. Tamanho médio. 5€!

De tudo, porém, o que mais marcou foram as pessoas. E não poderia ser diferente... Tenho conhecido pessoas incríveis! A começar pelo dono do apartamento, um senhor professor da Universidade de Pisa, que se ofereceu para me receber no aeroporto. Me explicou tudo sobre a casa, sobre o comércio, as direções. E ainda me deu uma sacola com pão, leite, frutas e bolachas, porque eu seguramente precisaria de um kit de sobrevivência para o primeiro dia. Quando as chaves já tinham sido entregues e o senhor fechava a porta para ir embora, só pude pensar: "Estou no lugar certo! Enfim, cheguei, é aqui!". 

Os primeiros 15 dias foram confusos. Não conheço as ruas, não conheço as pessoas, não conheço os costumes. Não tem ninguém em casa pra me explicar. Estou só! Como ligo a máquina de lavar? Porque o chuveiro está tão quente? Como se faz café na moka? Onde se joga o lixo? Onde as coisas estão guardadas? Ninguém em casa... eco do barulho dos meus movimentos. 

Pouco a pouco as coisas foram acontecendo... fui conhecendo as pessoas, entendendo o mapa da cidade, entendendo como pedir comida no restaurante (o que é entrada, primeiro prato, segundo prato, contorno, dessert, bebida), adequando a rotina (das 12h às 16h a maioria do comércio fecha), correndo atrás da burocracia para morar aqui (permissão de moradia, papelada da universidade, seguro de saúde). Os italianos começam a retornar das férias... começam as festas, aperitivos, encontros de recepção. Começa o curso intensivo de italiano (4 horas por dia, 1 mês). E então, finalmente chega uma das companheiras de casa! E agora? O que devo falar com ela? Quero falar isso, mas... não sei como falar isso em italiano! Será que ela vai gostar de mim?

Não sei como contar isso direito, mas se resume simplesmente à sensação de ter encontrado uma velha amiga! Toda a minha preocupação foi pelo ralo... nos demos bem de primeira! Eu entendo, ela entende! Conversamos, rimos, comemos, saímos, arrumamos a casa. Ela entende meu italiano torto e me ensina palavras novas todos os dias! Agora escuto o eco das nossas risadas... Estamos ansiosas pelas outras meninas que ainda estão pra chegar.

A parte desses dois momentos, poderia contar tantos outros... as coisas acontecem em uma velocidade absurda, sem aviso prévio. As descobertas são diárias. Descubro sobre os outros, descubro sobre mim. Quem sou eu em outro país? Posso ser quem eu quiser? Ou posso ser quem eu realmente sou? O que eu sou e como quero ser? Estou colocando mais tijolos na minha casa, pintando as paredes, escolhendo as portas, fortificando os alicerces... Quem eu serei daqui um ano? Não sei. Apenas já não sou a mesma pessoa de ontem.

Pisa

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